10 junho, 2010

MINHA LÍNGUA, TUA SEDE



Se teu olhar me mostra a via de te ter cativo
Não haverá vertente tua que eu não percorra
Como num rito, vou traçando o vício até o umbigo
E volto ao início buscando mais entre as tuas coxas

E verifico, me fico, me fixo nessa mansa lide
Vou buscar na entranha o sumo teu que assanha
O que me me molha, me tange e sempre me aflige
O que me incha em riste, que me atrita e me ganha

E esse teu sorriso, tão preciso e de barganha
Me prende no liso, pelo pingo vertido da ponta
No bamboleio da parte tua que me arreganha
No macio da carne, que me invade e me afronta

Marejam meus olhos, chora tua bica e tudo vaza
Assim te tenho, assim te ordenho e fico louca...
No batizado das águas, eu mergulho e crio asas
Ao recolher teu filho num fio escorrido da boca

* * *

08 junho, 2010

O Grilo e O Grelo


O grilo salta
O grelo sobre salta
O grilo não tem asas
O grelo bate várias
O grilo pia
O grelo arrepia
O grilo arremete
O grelo sem arre, mete
O grilo olha
O grelo molha
O grilo belisca
O grelo bela isca
O grilo cheira verde
O grelo verte peixe
O grilo canta
O grelo encanta
O grilo levanta
O grelo leva a anca
O grilo suspira
O grelo pira
O grilo lingueta
O grelo aguenta
O grilo agita
O grelo atrita
O grilo suga
O grelo urra
O grilo é prosa
O grelo goza
O grilo morre
O grelo explode
O grilo faz cri cri
O grelo diz: que tri !!!

* * *

06 junho, 2010

O HOMEM DA MÁSCARA...

Já sonhei com ele outras vezes, passando por perto da minha porta ou me seguindo na rua, de longe. Não saberia dizer se isso é sonho ou imaginação, o fato é que eu o sinto. Eu sinto. Seu cheiro na noite a impregnar-me as narinas, Um tufo de vento que me deixa um arrepio e ele aqui, em mim. Tenho medo, medo e desejo.

Como queria sentir seu gosto, o quente da língua... Ele de negro fundindo-se com a noite, me cercando sem mover os pés e eu permitindo.

Não vejo seus olhos sob aquela máscara mas sei que são amorosos. Eu sinto. Sinto. E sinto cada vez mais próximo quando meu corpo acelera com a possibilidade daquele desconhecido.

Deito pura sobre a cama de pele de chinchila e adormeço. Hoje a porta fica entreaberta. Não quero que minha lucidez me impeça de realizar o desejo. A lua há de demorar a se pôr, tão cheia e eu quero a loucura. Pagarei o preço. Pode ser que eu nem sobreviva mas o tempo é finito e não quero pensar.

Um pé de vento bate as janelas, o barulho nos galhos das árvores me deixam apreensiva, parece que tudo em torno cria vida e eu sozinha ali, numa quietude de morte, imóvel a cumprir minha sina. Fui escolhida e haveria de ser minha hora, agora.

Ah, se pelo menos eu tivesse o meu amuleto aqui comigo, aquele que me tirava todo o medo quando eu o apertava entre os dedos e o beijava, me sentiria mais tranquila. Esse guardava todos os meus segredos. Mas eu já o havia perdido há uns alguns anos, fugindo de uma tempestade, quando ainda era uma menina de trancinhas.

Naquele tempo eu lia histórias de mistérios, criava figuras e as tornava vida. Interagia com elas, como seres do céu e da terra, fadas, gnomos, duendes, salamandras, ondinas e outros que só eu conhecia... e vivíamos em eufórica sintonia. Na medida em que fui crescendo alguns se perderam e outros tornaram-se mais companheiros porém já não nos divertíamos como antes e eu só percebia suas presenças quando algo importante estava prestes a acontecer, era o sinal.

Nos meus quinze anos, no baile de máscaras, estavam todos eles. Eu os reconheceria até no meio de uma multidão pois eram especiais pra mim. Eles tinham um cheiro de luz, eram puros de alma e suas auras eram as mais brilhantes que jamais vi.

Ao final, antes de partirem, ouvi: _Um dia, quando já tiveres perdido a inocência e achares que jamais existimos, haverá alguém e ele virá vestido de nós. E toda tua dúvida se extinguirá porque estivemos sempre contigo.

Nesse momento pensei ouvir um suspiro, o que me tirou um pouco do transe mas já não havia mais medo, apenas um esboço de sorriso e paz... muita paz. Em meu quarto, escuridão total e silêncio. E começo a divagar. Imagino dois olhos atentos sobre meu dorso, mapeando-me em carícias ternas. Sinto meus cabelos afagados de leve, como se eu pudesse voar. Meu corpo branco torna-se tântrico, com todos os pontos despertos e eu consigo sentir cada átomo se movendo no ar.

Voltei a ser como quando criança, quando tinha todos os sensores ligados e nenhuma censura. Como era bom aquele mundo de fantasias onde tudo acontecia na exata medida do que eu queria.

E eu ali, inocente e quase nua sobre uma cama que era tão suave como o mundo que criei pra mim, só sentindo... sentindo... e me entregando, permitindo... àquelas mãos que mal encostavam em mim e me faziam tão feliz.

Eu era toda sentidos. Há muito não sentia tanto assim, algo que me transportasse a outras esferas, a algum passado ou a outras vidas. E assim fui ficando líquida, por fora e por dentro de mim, escorregadia e meu corpo foi invadido por extremo calor. E um rubor inchava-me as faces enquanto minhas mãos tentavam segura-se em algo, sem conseguir. Eu estava presa, sendo amada e subjugada pelo vigor de um espectro que me conduzia. Aquilo era tudo pra mim. Era a febre me fazendo cumprir toda a intensidade de uma promessa não proferida.

Nunca senti tanto amor, jamais percebi tanta vontade de ser, em mim e em ti. Ah, homem, como eu te esperei, quanto eu te quis... sabia que seria assim. Essa dança olorosa da libido que me extasia.
Eu aqui, tu em mim, assim, compactados, eternos, simples assim.
Não sei o quanto durou pois me perdi, saí de mim.

Pássaros canoros fazem algazarra em meu jardim. Não, não é hora de acordar, deixem-me dormir. Mas um raio de sol atinge-me os olhos. Sim, amanhece, já é dia. Sinto-me estranhamente leve. Abro os olhos e... em minha cama, sobre a pele, o amuleto que eu havia perdido, uma máscara e um bilhete escrito à nanquim:

“Você sabia que eu voltaria.”

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04 junho, 2010

Toda Mulher é Má


Elas se fazem de tontas e quando eles dão no pé elas se jogam com fé, colocam seu bem no pé do santo:
 _"Que afaste se for mulher ou se for mentira, um tanto, que ele volte arrependido, que seja no susto ou no espanto".
E o tolo vai passear achando-se dono das asas. Pois bate o carro no muro e não pode voltar pra casa.

E elas que já nascem fingidas...

Você disse estar com sono
Me fugiu, foi passear
Veja quanta travessura!
Desta vez vou relevar

Tenho língua de gatinha
Vou lamber pra te curar
E todos os dodoizinhos
Todos eles vão fechar

Vou colar o teu ossinho
Bem bonito vai ficar
E você vai me sorrir
Me pedir pra namorar

Você quer ganhar um dengo
Também papá na boquinha
Que eu deite do seu lado
E lhe conte uma historinha

Eu fico aqui com você
Enquanto estiver de molho
Meu biscuí, meu bem querer
Você é tudo, meu pimpolho.

* * *

Esse é o bicho mulher!
..........Acredite se quiser!
 

24 maio, 2010

Desabafo


Você é fantasia... sempre foi
Antes, muito mais do que perfeita
Depois...
Tempestade de areia, vida breve
Sonhos frágeis, tudo se foi
Era tudo tão maravilhoso conosco, não era?
Era pra ser definitivo, não era?
Nunca pensei que uma brisa 
pudesse ser mais violenta que um furacão
Melhor sonhar com a perfeição
do que viver a realidade
Não é assim que você pensa?
Cadê suas ilusões?
É mais seguro guardá-las nos dedos?
Cadê seus convites pra dançar?
Cadê seus: _Vem comigo, amor! ?
Isso me dilacera a alma
Você dançou nos meus sentimentos
E fica ileso
Ou pensa que fica
Quem está errado?
Eu?
você?
Quem não comete erros?
A quem cabe julgar?
E a quem é dado condenar?
Por que você não chora?
Por que esse seu peito é de aço?
Isso faz bem a você?
Que porra de mágoa você traz por dentro?
A mesma que vi no primeiro dia e você disse que não?
O que te fez ficar assim?
" Nós dois juntos poderíamos escalar qualquer barreira"
Será mesmo?
" Mesmo em minha vida seguinte, eu quero te amar"
Que lindo, não é? Comovente!
Ah, esqueci...
É só uma letra de música, irretocável, feito você
Meu peito tá arrebentando de dor
E você vai sair fora como o covarde que é
"Sem essa" é sua resposta quando não há argumentos
Mas o que você pode fazer, não é mesmo?

Pois eu te digo:

Ao invés de poesia... que eu sei que você vai fazer
Eu só queria um abraço, que dissesse que foi sem querer
Porque mesmo que você nunca tenha me amado
E porque o meu sentimento é real...
Eu vou te amar por nós dois por algum tempo
Mas tenha a certeza: longe de você
Porque eu vou manter a minha dignidade
E porque meu amor por mim é maior
Eu custei muito pra chegar até aqui
Mas daqui de onde eu estou
Só é possível se olhar pra baixo
Um dia você ia quebrar a cara, sim
Se deu mal com essa sua "cabrita"
A Ana que você conheceu doce, é mulher
Só que muito mais macho do que você
Mas isso você não viu

Cruel, eeeeeeeeu ?

Eu sou reflexo de você!!!

16 maio, 2010

Pegando Fogo


Há algo em mim que por ti se acende
Uma parte tua que nunca saiu daqui
É feito meio morte, apagada, sufocada
mas com um simples toque teu...

E eu já quero mudar de vida
Refazer todos os planos
Trocar de rumo, te encontrar
Soprar tua fagulha que há em mim
Cria dessa loucura que não tem nome

Se houver um endereço pra felicidade
ele me leva pra ti
A minha insanidade é contigo
A minha saudade é tua
E a minha falta de coragem
só me diz pra te esquecer

A realidade cobra caro demais
por uma fantasia
E eu penso que não mereço
E eu entro em agonia
E eu não tenho mais bala na agulha
pra te ter como eu queria

Mas há fogo nos meus olhos
Há labaredas que me consomem
E em cada canto de minhas entranhas
carrego inscrito o teu nome

07 maio, 2010

FILHO DA PUTA!


Ah, como ele gosta
De uma puta bem da vadia
Com cara de comunista
Eu eu bancando a espertinha
Oferecendo todo o meu amor
Enquanto ele apertava a pica

Ah, como ele gosta
De uma vaca desbocada
Dessas bem escrachadas
Esfregando a periquita
Oferecendo suas pregas
Pra quem a queira enrabada
Desgraçada! Maldita!

Ah, como ele esquece
De tantos momentos juntos
Onde qualquer palavrinha
Virava um longo assunto
Quando nós de mãos dadas
Éramos os donos do mundo

Eis que surge uma fulana
Embandeirada de quenga
Sem soneto nem emenda
Com cara de pobre coitada
Desqualificada e prostituta
Chegando e tomando conta

Eis que ele sorriu pra ela
Convidou-a pra nossa cama
Esqueceu-se que sou tirana
Ciumenta e resoluta
E tenho dom de feiticeira
Frito os dois no meu dendê
Que se eu quisesse me mexer
Daria um fim na brincadeira

Há muito mais em mim
Que ele não sonha, nem sabe
Se ele não fosse tão covarde
Teria visto melhor
Que as águas em nosso lençol
Não eram de nosso suor
Eram de minhas lágrimas

Assim eu viro essa página
Desse amor que não prestou
Virou só ódio em mim
Se me feriu é o fim

Vá pros quintos dos infernos!

Você pra mim

ACABOOOOOU!!!!!!!!!

03 maio, 2010

Doce Ilusão...


É triste te ver assim
Atrelado a esse sofrimento
O tanto que eu quis pra mim
Me negaste e jogaste ao vento

Por ora o que tens contigo
É dor e padecimento
Te enclausuraste de mim
A boca de teu sustento

Quem dera ela merecesse
Cada pingo teu de lamento
E toda a tua emoção

Quem dera tu entendesses
Que enquanto ela é teu tormento
Sou eu quem te beija a mão

*

11 abril, 2010

Clausura


Não, eu não sou livre de asas largas
Sou presa em minha própria teia
Preciso não fugir de mim, assim
Do meu casulo cascudo
E fim

Não há que se ter liberdade
Se não se tem pra onde ir
Liberdade é a vaidade
De quem só sabe dizer
Sim

26 março, 2010

No Rascunho


Eu queria escrever um poema bonito
Desses que ficam pra sempre
Como os dos autores consagrados
Que ficasse na história, nas classes,
Que fosse estudado
Que carregasse meu nome assinado
Há que ter sutileza e beleza
E ainda dizer algo que não tenha sido dito
Ou escrito de forma elaborada e com estilo
Que tocasse as almas, que arrancasse palmas
Eu queria ser alguém de sentimentos melhores
Que tivesse arte ao expressar-se
Que fizesse poesia como se respirasse
Que marcasse cada dia pra eternidade

E busco algo interno em mim
E faço força, me arrasto, me puxo
E só encontro agonia
Já tive dias melhores, já fiz poesia linda
Mas poesia não é coisa de todos os dias
Incrivelmente quando escrevo algo bonito é mentira
Não conheço o mecanismo disso
Mas percebo que os melhores escritores eram sozinhos
E de que vale uma poesia linda escrita por um ser solitário?
Eu não quero escrever belezas assim, de papel
Se minha vida não for de poesia viva
Hoje me sinto vazia, isolada
Torço, torço e torço e não sai nem um pingo de nada
Nem de uma lágrima fingida
Acho que alguém roubou minha alegria

11 março, 2010

Ilusionismo & Inversão de Papéis

Os homens criam as cobras. Pegam uma ursinha fofinha, fazem carinho, prometem, conseguem e metem. Ao acordar não sabem como você foi parar lá. Estavam embriagados mas não seria de amor. Seria apenas mais um happy hour. Enquanto isso a fofinha já mudou sua agenda, agora ela teria que ter um tempo pra dar o carinho a ele, já que ele disse que precisava tanto e tanto e tanto... Provavelmente ela seria mesmo diferente de todas as outras, conforme ele lhe dissera. Mas o que será que ela teria de diferente? Isso não importava agora pois ela teria a vida inteira a seu lado pra descobrir.

Aí ele acorda de novo já que parecia distraído e preocupado com algo. Ela pergunta o que foi. Ele fala que tem um compromisso de trabalho e precisa ir. Ela fica meio magoada mas afinal ele é um homem muito importante e não convém atrapalhá-lo. No caminho ele não esboça palavra. Dá um beijo rápido no seu rosto e quando ela desce do carro ele sai cantando pneu.
Credo! Que grossura!, ela pensa. Mas afinal valeu apena pela linda noite de amor que tiveram.

Ela espera, reservou horário pra ele. Ele não liga, conforme prometera. Depois teve que viajar, estaria atolado de trabalho. Tudo pensando no futuro dos dois.
E ela fica abatida, desacreditada. Mais um que me enrolou. E foi.

A ursinha com o tempo, por tantas idas e vindas fica lisa, perde as plumas e vira cobra. E cobra. Cuidado com a cobra! Cobra peçonhenta, lânguida, espera pra dar o bote mas não troca de pele. Mantêm-se emplumada e ele nem percebe. Um dia encontram-se, por esses acasos da vida.

Olá, como vai você? Quanto tempo, hein? Nossa! Você está mais linda ainda do que a primeira vez que nos vimos. Ela sente: outro happy hour. Regurgita o veneno mas ele nunca percebe. Ele diz que tem tempo e pergunta se ela gostaria de reviver tão doces momentos. Ela aceita, estava de folga, era um momento que ela já tinha reservado pra ele. A agenda, lembra? Pois bem, vão ao destino de mãos dadas. Lá, mais uma tórrida noite de amor. A segunda vez é sempre mais equilibrada. E ele dorme como um anjo. E a cobra, ouriçada. Olhos hipnóticos, cachoalhando o guizo, agora é a hora. Ele não esperava por isso mas é agora que ele me paga. Pega o brinquedinho, apruma-se em cima do homem e dá-lhe uma picada. Ele pula, ela continua dura. Que foi? Não esperava a picadura? Ela se vinga enfiando-lhe safada imaginando desmoralizar o cara. Ela o entala mas ele se cala e relaxa.

Supresa!!! Era isso que ele adorava. Nunca mais deixou que ela fosse embora. Ele gostava de cobra, a cobra que contruíra, sem querer, num happy hour de um dia qualquer, num dia daqueles em que ele não tinha coisa melhor pra fazer do que bajular uma mulher.

Era tido pelos amigos como um Don Juan mas só uma cobra conheceria seus mistérios.

10 março, 2010

HOMENS, segundo Vinícius de Morais

Os Homens.
Os homens bons, são feios.
Os homens bonitos, não são bons.
Os homens bonitos e bons, são gays.
Os homens bonitos, bons e heterossexuais, estão casados.
Os homens que não são bonitos, mas são bons, não têm dinheiro.
Os homens que não são bonitos, mas que são bons e com dinheiro, pensam que só estamos atrás de seu dinheiro.
Os homens bonitos, que não são bons e são heterossexuais, não acham que somos suficientemente bonitas.
Os homens que nos acham bonitas, que são heterossexuais, bons e têm dinheiro, são covardes.
Os homens que são bonitos, bons, têm dinheiro e graças a Deus são heterossexuais, são tímidos e NUNCA DÃO O PRIMEIRO PASSO!
Os homens que nunca dão o primeiro passo, automaticamente perdem o interesse em nós quando tomamos a iniciativa.

AGORA...

QUEM NESSE MUNDO ENTENDE OS HOMENS?

Moral da História:

" Homens são como um bom vinho. Todos começam como uvas, e é dever da mulher pisoteá-los e mantê-los no escuro até que amadureçam e se tornem uma boa companhia pro jantar "

Dia Infernal da Mulher

É, sou Mulher, pois é
Grande coisa, comemorar o que?
Nada há pra se dizer
Não estou de TPM mas me sinto um caco
Um caco porque espatifei-me
Bati com a cabeça por aí
Certas emoções causam-me náuseas
Mulher tem dessas coisas, sim
Nem sempre está brilhante, fulgurante, latejante
Meu facho apagou-se mas já aconteceu outras vezes
Porque temos que ser MAIS mulheres no nosso dia?
Afinal é nosso dia todos os dias
Parece que temos obrigação de sermos fortes e felizes
Só porque é nosso dia e é essa a expectativa
Ou mostrarmos que temos valor, que já conquistamos tanto...
Putz! Pra que isso? Que coisa mais broxante
Isso me traz certa amargura
Aí falam, mulher é isso, aquilo, mulher é o mundo
E no dia seguinte esquecem de tudo
Chutam o balde, enfiam o pé na jaca
Afinal, mulher também pode ser desgraça
Até prefiro assim, coisas mais tristes
Parecem-me mais saudáveis, reais
Lacinhos de fitas demais é pura falsidade
Hoje há uma mulher aqui com sentimentos tortos
Com ânsia de vômito, virada do avesso
Sentindo-se um monstro
E não menos Mulher!

27 janeiro, 2010

Vibrafone


o fone agora é meu vibro
e espera por tua farra
que seja no improviso
vem, liga e me fala!

dá-me, que eu preciso
mostra-me a tua garra
espeta-me teu inciso
corta-me em tua navalha

trinca o risco no vidro
e nesse vinco te espalha
o meu ouvido, precipito:

quero ouvir o teu gemido
na minha fenda que malha
... até perder os sentidos ...