26 março, 2010

No Rascunho


Eu queria escrever um poema bonito
Desses que ficam pra sempre
Como os dos autores consagrados
Que ficasse na história, nas classes,
Que fosse estudado
Que carregasse meu nome assinado
Há que ter sutileza e beleza
E ainda dizer algo que não tenha sido dito
Ou escrito de forma elaborada e com estilo
Que tocasse as almas, que arrancasse palmas
Eu queria ser alguém de sentimentos melhores
Que tivesse arte ao expressar-se
Que fizesse poesia como se respirasse
Que marcasse cada dia pra eternidade

E busco algo interno em mim
E faço força, me arrasto, me puxo
E só encontro agonia
Já tive dias melhores, já fiz poesia linda
Mas poesia não é coisa de todos os dias
Incrivelmente quando escrevo algo bonito é mentira
Não conheço o mecanismo disso
Mas percebo que os melhores escritores eram sozinhos
E de que vale uma poesia linda escrita por um ser solitário?
Eu não quero escrever belezas assim, de papel
Se minha vida não for de poesia viva
Hoje me sinto vazia, isolada
Torço, torço e torço e não sai nem um pingo de nada
Nem de uma lágrima fingida
Acho que alguém roubou minha alegria

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