26 março, 2010

No Rascunho


Eu queria escrever um poema bonito
Desses que ficam pra sempre
Como os dos autores consagrados
Que ficasse na história, nas classes,
Que fosse estudado
Que carregasse meu nome assinado
Há que ter sutileza e beleza
E ainda dizer algo que não tenha sido dito
Ou escrito de forma elaborada e com estilo
Que tocasse as almas, que arrancasse palmas
Eu queria ser alguém de sentimentos melhores
Que tivesse arte ao expressar-se
Que fizesse poesia como se respirasse
Que marcasse cada dia pra eternidade

E busco algo interno em mim
E faço força, me arrasto, me puxo
E só encontro agonia
Já tive dias melhores, já fiz poesia linda
Mas poesia não é coisa de todos os dias
Incrivelmente quando escrevo algo bonito é mentira
Não conheço o mecanismo disso
Mas percebo que os melhores escritores eram sozinhos
E de que vale uma poesia linda escrita por um ser solitário?
Eu não quero escrever belezas assim, de papel
Se minha vida não for de poesia viva
Hoje me sinto vazia, isolada
Torço, torço e torço e não sai nem um pingo de nada
Nem de uma lágrima fingida
Acho que alguém roubou minha alegria

11 março, 2010

Ilusionismo & Inversão de Papéis

Os homens criam as cobras. Pegam uma ursinha fofinha, fazem carinho, prometem, conseguem e metem. Ao acordar não sabem como você foi parar lá. Estavam embriagados mas não seria de amor. Seria apenas mais um happy hour. Enquanto isso a fofinha já mudou sua agenda, agora ela teria que ter um tempo pra dar o carinho a ele, já que ele disse que precisava tanto e tanto e tanto... Provavelmente ela seria mesmo diferente de todas as outras, conforme ele lhe dissera. Mas o que será que ela teria de diferente? Isso não importava agora pois ela teria a vida inteira a seu lado pra descobrir.

Aí ele acorda de novo já que parecia distraído e preocupado com algo. Ela pergunta o que foi. Ele fala que tem um compromisso de trabalho e precisa ir. Ela fica meio magoada mas afinal ele é um homem muito importante e não convém atrapalhá-lo. No caminho ele não esboça palavra. Dá um beijo rápido no seu rosto e quando ela desce do carro ele sai cantando pneu.
Credo! Que grossura!, ela pensa. Mas afinal valeu apena pela linda noite de amor que tiveram.

Ela espera, reservou horário pra ele. Ele não liga, conforme prometera. Depois teve que viajar, estaria atolado de trabalho. Tudo pensando no futuro dos dois.
E ela fica abatida, desacreditada. Mais um que me enrolou. E foi.

A ursinha com o tempo, por tantas idas e vindas fica lisa, perde as plumas e vira cobra. E cobra. Cuidado com a cobra! Cobra peçonhenta, lânguida, espera pra dar o bote mas não troca de pele. Mantêm-se emplumada e ele nem percebe. Um dia encontram-se, por esses acasos da vida.

Olá, como vai você? Quanto tempo, hein? Nossa! Você está mais linda ainda do que a primeira vez que nos vimos. Ela sente: outro happy hour. Regurgita o veneno mas ele nunca percebe. Ele diz que tem tempo e pergunta se ela gostaria de reviver tão doces momentos. Ela aceita, estava de folga, era um momento que ela já tinha reservado pra ele. A agenda, lembra? Pois bem, vão ao destino de mãos dadas. Lá, mais uma tórrida noite de amor. A segunda vez é sempre mais equilibrada. E ele dorme como um anjo. E a cobra, ouriçada. Olhos hipnóticos, cachoalhando o guizo, agora é a hora. Ele não esperava por isso mas é agora que ele me paga. Pega o brinquedinho, apruma-se em cima do homem e dá-lhe uma picada. Ele pula, ela continua dura. Que foi? Não esperava a picadura? Ela se vinga enfiando-lhe safada imaginando desmoralizar o cara. Ela o entala mas ele se cala e relaxa.

Supresa!!! Era isso que ele adorava. Nunca mais deixou que ela fosse embora. Ele gostava de cobra, a cobra que contruíra, sem querer, num happy hour de um dia qualquer, num dia daqueles em que ele não tinha coisa melhor pra fazer do que bajular uma mulher.

Era tido pelos amigos como um Don Juan mas só uma cobra conheceria seus mistérios.

10 março, 2010

HOMENS, segundo Vinícius de Morais

Os Homens.
Os homens bons, são feios.
Os homens bonitos, não são bons.
Os homens bonitos e bons, são gays.
Os homens bonitos, bons e heterossexuais, estão casados.
Os homens que não são bonitos, mas são bons, não têm dinheiro.
Os homens que não são bonitos, mas que são bons e com dinheiro, pensam que só estamos atrás de seu dinheiro.
Os homens bonitos, que não são bons e são heterossexuais, não acham que somos suficientemente bonitas.
Os homens que nos acham bonitas, que são heterossexuais, bons e têm dinheiro, são covardes.
Os homens que são bonitos, bons, têm dinheiro e graças a Deus são heterossexuais, são tímidos e NUNCA DÃO O PRIMEIRO PASSO!
Os homens que nunca dão o primeiro passo, automaticamente perdem o interesse em nós quando tomamos a iniciativa.

AGORA...

QUEM NESSE MUNDO ENTENDE OS HOMENS?

Moral da História:

" Homens são como um bom vinho. Todos começam como uvas, e é dever da mulher pisoteá-los e mantê-los no escuro até que amadureçam e se tornem uma boa companhia pro jantar "

Dia Infernal da Mulher

É, sou Mulher, pois é
Grande coisa, comemorar o que?
Nada há pra se dizer
Não estou de TPM mas me sinto um caco
Um caco porque espatifei-me
Bati com a cabeça por aí
Certas emoções causam-me náuseas
Mulher tem dessas coisas, sim
Nem sempre está brilhante, fulgurante, latejante
Meu facho apagou-se mas já aconteceu outras vezes
Porque temos que ser MAIS mulheres no nosso dia?
Afinal é nosso dia todos os dias
Parece que temos obrigação de sermos fortes e felizes
Só porque é nosso dia e é essa a expectativa
Ou mostrarmos que temos valor, que já conquistamos tanto...
Putz! Pra que isso? Que coisa mais broxante
Isso me traz certa amargura
Aí falam, mulher é isso, aquilo, mulher é o mundo
E no dia seguinte esquecem de tudo
Chutam o balde, enfiam o pé na jaca
Afinal, mulher também pode ser desgraça
Até prefiro assim, coisas mais tristes
Parecem-me mais saudáveis, reais
Lacinhos de fitas demais é pura falsidade
Hoje há uma mulher aqui com sentimentos tortos
Com ânsia de vômito, virada do avesso
Sentindo-se um monstro
E não menos Mulher!